PRIMEIRA PALESTRA REALIZADA PELA COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR - CCTES DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ .
No dia 26 de abril de 2011, às 15 horas, no Complexo das Comissões, no Auditório Deputado Joel Marques, desta Casa Legislativa, realizou-se uma palestra com o objetivo de discutir sobre o estado do Telessaúde no Ceará, que teve como palestrante o Dr. Luiz Roberto de Oliveira, Coordenador do Núcleo de Telessaúde da UFC.
A Presidente da Comissão Deputada Mirian Sobreira iniciou os trabalhos destacando a importância do tema em pauta e apresentando o referido palestrante. A Presidente cumprimentou os convidados presentes e os solicitou para compor a Mesa: Dr. Fernando Carvalho - Presidente do ITECE; Dr. Carlile Lavor - Coordenador da FIOCRUZ; Dra. Raquel de Melo - Gerente do Projeto de Telessaúde da UFC; Dr. Glauber Gean - Coordenador da equipe de Telecardiologia no Ceará; Dr. André Luiz de Chaves - Cardiologista.
Em seguida, a Deputada comentou sobre o tema em pauta informando que o Projeto Telessaúde no Ceará foi implantado em 2007 e que hoje já existem 101 pontos de Telessaúde no Ceará.
Logo após, o palestrante, Dr. Luiz Roberto de Oliveira agradeceu o honroso convite da Deputada Mirian Sobreira, que para ele este momento é mais uma oportunidade de fazer um balanço de como anda o telessaúde no Ceará. Relatou, que na verdade, a história do Telessaúde começou por esta Casa, em virtude de ter acontecido duas audiências públicas sobre este tema. Deu início à palestra utilizando data-show com a apresentação de slides.
Na opinião do palestrante, tem de se pensar em Telessaúde sempre na perspectiva de melhorar, porque todo trabalho que se faz com tecnologia da informação e das comunicações tem por finalidade melhorar a condição de vida das pessoas que não estão incluídas na situação de atendimento de saúde deste país, o Telessaúde com esse significado tem quase por obrigação atingir esse objetivo. O Projeto, sem fazer mágica nenhuma, consegue fazer esta inclusão, baratear custos e racionalizar o atendimento, fazendo uso correto e racional da tecnologia.
Vale ressaltar, que o Projeto Nacional de Telessaúde é um Projeto do Ministério da Saúde, criado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, com a participação da Universidade Federal do Ceará, destinado a população que é atendida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que teve seu início em agosto de 2007.
De acordo com a palestra, podemos destacar algumas informações relevantes, tais como:
1- O Projeto Nacional de Telessaúde no Brasil, foi instituído através da Portaria Nº 402 de 24/02/2010 que Institui em âmbito nacional, o programa Telessaúde Brasil para apoio à estratégia de saúde da família no Sistema Único de Saúde, institui o programa nacional de bolsas do Telessaúde Brasil e dá outras providências;
2- O Projeto Nacional de Telessaúde Núcleo do Ceará, foi instalado em 102 municípios e tem como principais ações: A Telecardiologia; A Teledermatologia; Um Programa de Atualização Permanente; 2ª Opinião Formativa em 15 áreas sendo 14 médicas. A Telecardiologia funciona com os seguintes componentes: Computador nas duas pontas; ECG digital no ponto remoto; link com a internet (mínimo 256 k); Independe do tipo de conexão; Cardiologista(s) de plantão; Interatividade por webconferência; Uso de licenças acadêmicas; ECGS com preço especial; Uso de software livre. A Telecardiologia tem como benefícios: Estímulo à fixação do profissional; Melhora na qualidade do atendimento; Racionalização de gastos; Encurta o tempo porta-sala; Salva vidas; O mesmo sistema serve a vários propósitos. A Teledermatologia atende 90% das consultas e são resolvidos os problemas virtualmente, on-line e off-line, e os 10% é que realmente tem necessidade de vir para Fortaleza. É uma economia para o governo, pois os problemas da maioria são resolvidos no próprio interior. A 2ª Opinião Formativa, funciona com: Apoio na tomada de decisão e na regulação; Presença do médico regulador e especialistas focais; Banco de dados de questões e Intercâmbio entre os núcleos;
3- O Telessaúde enfrenta algumas dificuldades, como: Falta de apoio dos gestores; Maior envolvimento do COSSEMS; Não existe nenhum ponto de Telessaúde instalado na capital, apesar dos custos de instalação serem baixos; Falta do repasse pela SMF( Secretaria Municipal de Saúde);
4- Segundo o palestrante, para superar estas dificuldades apresenta as seguintes soluções e propostas: Funcionamento do Comitê Gestor Estadual; Regularizar o repasse; Universalização no repasse; Maior divulgação; Apoio na criação de um Curso de Especialização em Tecnologias Educacionais em Saúde; Curso para o Programa Saúde na Escola; e outras ações que possam contribuir para eficácia do projeto.
Ao final, o palestrante reivindicou o apoio da Assembleia Legislativa do Ceará para uma maior divulgação do Telessaúde, levando informações para a população e à todos os municípios cearenses.
Será que existe uma maneira melhor de inclusão social, inclusão digital, inclusão em saúde, do que a inclusão do Telessaúde no Estado do Ceará?
Após a apresentação da palestra, a Deputada Mirian Sobreira parabenizou o palestrante pela sua explanação e deu oportunidade para cada convidado dar sua opinião sobre o assunto: Dr. Fernando Carvalho comentou acerca do Telessaúde, O trabalho é heróico, porque mesmo com recursos escassos consegue obter resultados relevantes... O Telessaúde é a aplicação principal do cinturão digital... O Telessaúde vem e impacta diretamente a vida de todos os cidadãos, sem exceção e o Dr. Carlile Lavor fez a seguinte referência, Eu fico muito satisfeito em ver a Assembléia Legislativa desenvolver esse tipo de trabalho...Parabenizo o Luiz Roberto com a equipe, eu o acompanho há alguns anos o trabalho e o esforço dele e vai à frente e vai conseguir, se Deus quiser, é assim que se conseguem os resultados... Eu pessoalmente, quero ir ao COSSEMS e fazer essa propaganda, mostrar que isso está acontecendo... Eu parabenizo a vocês todos por estarem trazendo isso e fazendo com que aconteça. Uma coisa é ter a idéia, imaginar. Outra coisa é fazer acontecer. Parabéns a todos vocês!. Vale frisar que os demais convidados também opinaram sobre o tema. (Ver Ata abaixo)
A Presidente da Comissão agradeceu a participação de todos, em especial, ao Dr. Luís Roberto pela sua relevante explanação, e declarou que: A saúde não pode ser colocada de uma maneira para beneficiar deputado A ou deputado B. Nós estamos aqui para representar o povo. Por isso que nós estamos convidando todas as pessoas ligadas à Ciência e Tecnologia, e de modo indiretamente ligada à área de saúde... Mais uma vez a gente reitera esse compromisso de trabalhar, de tentar
desburocratizar essas coisas, tentar ver se as coisas conseguem caminhar..., Em
breve, com certeza, nós vamos achar uma solução para todos esses problemas. Pode contar com o nosso apoio.
Dando continuidade a sua fala, afirmou que irá requerer uma audiência pública para debater sobre o Telessaúde e convidará o Secretário de Saúde do Estado do Ceará e o COSSEMS, objetivando desburocratizar esse brilhante projeto e expandí-lo para que os gestores venham aderir ao mesmo. Declarou ainda, que deve-se discutir e resolver o que se pode fazer para atender à população através do Telessaúde.
Não tendo mais nada a declarar, a Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrada a presente palestra.
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Deputada Mirian Sobreira
Presidente da Comissão
OBS: ABAIXO CONTEÚDO DA PALESTRA (ATA ELABORADA PELA TAQUIGRAFIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ)
ATA DA PALESTRA REALIZADA PELA COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR, PARA DISCUTIR SOBRE O ESTADO DO TELESSAÚDE NO CEARÁ, TENDO COMO PALESTRANTE O DR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA - COORDENADOR DO NÚCLEO DE TELESSAÚDE DA UFC, REALIZADA NO AUDITÓRIO DO COMPLEXO DAS COMISSÕES TÉCNICAS, EM 26 DE ABRIL DE 2011.
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Boa tarde a todos e a todas.
Iniciamos os trabalhos da Comissão de Ciência e Tecnologia que, ao longo dos três meses, tem trazido temas relacionados à ciência e tecnologia para esta Casa, no sentido de discutir e tomar conhecimento de toda essa expansão da tecnologia nesses últimos tempos.
Já tivemos uma audiência pública para avaliação do Cinturão Digital, e tivemos como convidado o Dr. Fernando Carvalho, e fez uma explanação sobre o que é o Cinturão Digital.
Na segunda audiência nós contamos com o convidado o Dr. Carlile Lavor, explicando sobre o Polo Tecnológico de Medicamentos do Eusébio em parceria com a Fiocruz.
O nosso convidado de é o Dr. Luiz Roberto de Oliveira, responsável pelo Telessaúde no Ceará.
Portanto damos continuidade a essas explanações para toda a população cearense e nós deputados tomemos conhecimento do que são esses projetos e o que eles estão fazendo pelo Estado do Ceará.
Passamos a compor a Mesa convidando as personalidades:
-Dr. Fernando Carvalho, Presidente do Itece;
-Dr. Luiz Roberto de Oliveira, Coordenador do Núcleo de Telessaúde da UFC;
-Dr. Carlile Lavor, da Fiocruz;
-Dra. Raquel de Melo, Gerente do Projeto de Telessaúde da UFC;
-Dr. Glauber Gean, Coordenador da equipe de Telecardiologia no Ceará;
-Dr. André Luiz de Chaves, Cardiologista;
Contamos, nesta Mesa, com as maiores autoridades no sistema da medicina e da comunicação no Estado do Ceará.
Gostaria de agradecer a participação de todos, e pelos serviços prestados prestar ao Ceará, e ter vindo informar às pessoas a respeito da tecnologia no Ceará.
Temos conhecimento que o Telessaúde foi implantado em 2007. Hoje, já existem 101 pontos de Telessaúde no Ceará.
Dentro da explanação no nosso palestrando, solicitamos que nos explique o que mudou desde a implantação do Telessaúde; como esta Casa pode ajudar; quais os principais problemas que vocês estão enfrentando agora; e se há algum impasse para que projeto não caminhe da maneira que vocês desejam.
Passamos a palavra ao Dr. Luiz Roberto Oliveira, Coordenador do Núcleo da Telessaúde da UFC.
SR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA: Muito boa tarde.
Sou professor já um bocado de tempo, tanto tempo que ano passado recebi uma cartinha para eu fazer um curso de preparação para a aposentadoria. Isso me lembrou algumas coisas, e uma delas é que a gente descobre que está ficando velho.
De início, agradecer o honroso convite da deputada Mirian. Na verdade, a história do Telessaúde começou por esta Casa, em virtude de ter acontecido duas audiências públicas sobre este tema.
É muito boa esta audiência porque nos dá a oportunidade de fazer um balanço de como as coisas estão. E a senhora colocou muito bem: Como é que isso está? O que isso rendeu? A quantas chegou e o que falta para melhorar?
Slide - A gente tem de pensar em Telessaúde sempre na perspectiva de melhorar, porque todo trabalho que se faz com Tecnologia da Informação e das Comunicações tem por finalidade melhorar a condição de vida dos seres humanos. E o Telessaúde com esse significado tem quase por obrigação de melhorar a vida das pessoas que não estão incluídas na situação de atendimento de Saúde deste país. E o Telessaúde, sem fazer mágica nenhuma, consegue fazer essa inclusão, consegue baratear custos e consegue racionalizar o atendimento. Não é mágica, mas simplesmente o uso correto e racional da tecnologia.
Slide - Eu fiz questão de trazer uma cópia do ofício que a deputada nos encaminhou. A nossa finalidade hoje aqui, embora seja falar especificamente do Projeto Nacional de Telessaúde, mas dizer que uma das primeiras coisas é que não temos apenas um projeto trabalhando nesse sentido de melhorar a qualidade da saúde na população que é atendida pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O Ministério da Saúde tem vários projetos, e foram criados pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, e a Universidade Federal do Ceará tem uma característica: é a única Universidade no Brasil que participa de todos os projetos. Um dos problemas é fazer com que esses projetos conversem entre si, tenham convergências. Ou seja, esses projetos estão dentro da Universidade, eu conheço a pessoa que toma conta e, às vezes, a gente não tem tempo nem de dar um bom-dia por semana quanto mais fazer convergir os projetos.
Esses três projetos estavam iniciados, com um ato de loucura da minha parte resolvi começar os três, em determinado momento a administração superior da universidade achou que, para ajudar na convergência desses projetos, seria interessante criar um Núcleo Multidisciplinar de Tecnologias e Educação a Distancia em Saúde - o Nuteds. Ele foi criado em janeiro do ano passado, e nesse Núcleo nós temos hoje abrigado o Telessaúde Brasil, o Unasus, que é a Universidade Aberto do SUS; e temos o projeto Rede Universitária de Telemedicina que é o projeto RUTE. Dois são Ministério da Saúde e um do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Slide - Esses projetos estão abrigados em um Núcleo porque eles têm alguns pontos em comum. Eu selecionei os mais importantes.
Primeiro. São projetos que vêm mantendo, graças a Deus, de uma forma ou de outra, um nível de parceria muito bom entre eles, tanto em níveis dos núcleos quanto em nível nacional, portanto, há necessidade dessa parceria para convergirem. Se não houver convergência desses projetos, eles começam a entrar numa colisão, atrapalhando uns aos outros, e isso não vai redundar em nada de bom.
Todos esses projetos têm um ponto em comum que é educação. Todo o projeto em Telessaúde, todo projeto em Telemedicina tem três eixos ou três bases principais, e a primeira é educação em saúde.
Se não educarmos as pessoas para o uso dessas tecnologias, no mínimo, vamos perder tempo. Pode até ser que as pessoas aprendam a usar as tecnologias na base da indução, sei lá, vão
usando, vão errando, mas não um bom meio de fazer isso principalmente porque na ponta está se lidando com uma coisa que tem um valor muito grande que é a saúde. Não se pode estar tentando e errando, e causando mal à saúde, e prejudicando saúde, e dizendo: Agora eu vou fazer direito porque desta vez ninguém vai ficar prejudicado; não vai morrer ninguém... Isso não pode.
Então esses três projetos têm a função básica da educação, embora seguindo metodologias diferentes. Evidentemente, os três projetos têm em comum o uso da Tecnologia da Informação e das Comunicações.
No nosso caso, por questões locais, somos obrigados a trabalhar muito software livre, em parte, e somos também obrigados a trabalhar com tecnologia barata, simples, dentro do espírito minimalismo tecnológico.
Slide - É claro que aqui não daria para explicar tudo que o Telessaúde faz, não daria para explicar aqui o que cada um dos projetos faz em virtude do tempo. Eu vim aqui prestar contas, e pra mim vale como se estivesse prestando contas à população para a qual esse projeto se deriva.
Slide - O projeto Telessaúde no Brasil começou, na realidade, em 2006. Nós passamos quase um ano discutindo, discutindo, etc. Para se ter ideia, no início, até o nome Telessaúde foi discutido: Telessaúde é escrito com um S ou com dois S? E uma Coordenadora Nacional, de Recife, a Professora Magdala, conversou com um amigo dela que é muito bom em português e o cidadão disse: Telessaúde tem que ser escrito com dois S e tem acento no U. A partir daí todo mundo passou usar Telessaúde com dois S e acento no U.
Em 2006 ele não se chamava Projeto Nacional Telessaúde, era um nome bem complicado: Projeto Piloto Nacional de Telessaúde em Apoio à Atenção Básica. De lá para cá várias Portarias foram sendo reeditadas, até que em 2010, a Portaria 402, criou o Projeto Nacional de Telessaúde, o Telessaúde Brasil, ou seja, o projeto deixou de estar só âmbito do Ministério da Saúde e passou a ser de âmbito nacional e com caráter mais de programa.
A Portaria 402 é fácil de encontrar no Google, basta digitar Telessaúde Brasil e logo aparece o site; e lá verão todos os sites dos noves Núcleos iniciais do Telessaúde. E o único Núcleo que tem todas as Portarias é o Núcleo do Telessaúde de São Paulo.
Cada Núcleo desses tem uma pequena variação de expertise e de atividades. Por exemplo, o Núcleo de Goiás, o coordenador que toma conta é um Oftalmologista, portanto, lá se encontra muita
coisa de teleoftalmologia, além de algumas coisas que são comuns a todos como a segunda opinião formativa - eu vou explicar um pouco mais à frente -, e a convicção de que o projeto deve ser direcionado para a Atenção Básica. É obvio isso. Não tem que duvidar disso.
Se a Atenção Básica pode resolver 80% dos problemas de saúde, pode evitar complicação de problema de saúde, e se nós temos uma alta porcentagem da nossa população, 70% ou um pouquinho mais, atendida pelo SUS, nós temos que investir na Atenção Básica.
Agora, ninguém se engane que a Saúde Complementar não está usando Telemedicina e Telessaúde. Está usando sim e os exemplos são vários.
Slide - Hoje nós podemos dizer que esses são os números mais grosseiros do Telessaúde. Eles estão instalados em 102 municípios. A meta inicial era para instalar em cem municípios, e nós conseguimos atingir 102.
O projeto, na realidade, começou em agosto de 2007, numa sessão solene no auditório Castelo Branco nós fizemos a primeira demonstração de Telecardiologia no Estado do Ceará, evidentemente foi uma demonstração porque não podemos fazer isso publicamente com um paciente real. Nessa época nós tivemos o apoio do Núcleo de Minas Gerais.
Esses nove Núcleos quando começaram tinham experiências de alguns anos e outros tinham muita vontade de ter experiência, que era o nosso caso. E o Ministério da Saúde disse:
- O Núcleo que não tiver experiência vai ser adotado por um Núcleo que tem experiência.
Foi mais isso que nos determinou destacar em Telecardiologia. Antes, nós já havíamos tentado implantar um Projeto Telemedicina no Estado do Ceará, com financiamento de outro ministério. Terminou não dando certo. Mas dessa época ficou uma coisa muito interessante, nós tínhamos uma noção já de quais eram as áreas críticas na saúde do Estado e seriam beneficiadas com a ação da Telemedicina e da Telessaúde.
Então com o apoio de Minas Gerais e sabendo que a Cardiologia era uma dessas áreas críticas, foi só começar a trabalhar.
Slide - Nós tivemos, no início de 2010, uma paralisação parcial de quatro meses, foi paralisado apenas o atendimento de Telecardiologia, e o restante do atendimento continuou funcionando.
Hoje nós temos como principais ações: Telecardiologia, Teledermatologia; um programa de
atualização permanente, constante com aulas, sobre temas que são demandados da Atenção Básica. Noventa por cento dos profissionais que estão na Atenção Básica indagam sobre determinados assuntos, e nós conseguimos profissionais especialistas focais, então dão aulas.
O curioso é que durante o primeiro ano do Telessaúde não foi previsto pagamento nenhum para essas pessoas que davam essas aulas, então, imaginem o quanto eu coloquei o meu lado de bom vendedor para convencer as pessoas a darem aula sem nenhuma remuneração, apenas para receber uma Declaração; e o mais curioso é que eles iam e gostavam.
Eu tenho um colega que até se aposentou, era do meu departamento, dava não sei quantas aulas, respondeu eu não sei quantas perguntas sem ganhar um centavo, e o que ele mais vibrava era quando encontrava com ex-aluno num supermercado e quando dizia: Mas professor, eu o vi no Telecardiologia dando aula...
Slide - Nós atendemos 14 áreas médicas e uma área que não é médica, exatamente a Odontologia. Não atendemos as outras áreas porque temos dificuldades de conseguir pessoas com disponibilidade para fazer esse serviço. Mas o Telessaúde, em princípio, é aberto para qualquer área da saúde.
Slide - Alguns dados da Telecardiologia.
Tirando os quatro meses que passamos parados, de 2007, quando começou em agosto, até março de 2011, portanto o mês passado, nós fizemos 65.062 eletrocardiogramas. Levando em conta que o eletrocardiograma é um exame de ponta de entrada e útil para apoio e diagnóstico de diversas doenças cardiovasculares, conforme aprendi com dois colegas cardiologistas aqui presentes, proporcionar isso é algo que merece ser visto com o melhor cuidado possível.
Ou seja, é preciso destacar que isso foi feito com um projeto que está instalado hoje em 31 municípios. Imagine só se nós conseguíssemos universalizar isso no Estado do Ceará, a que números nós chegaríamos.
Mas o mais importante não é isso. O mais importante é que de lá para cá, por conta da parada, nós conseguimos vencer a barreira e montar a nossa própria equipe. Antes os elétrons eram moldados em Minas Gerais/BH, pelos Minastelecárdios. Houve uma época que até nos disseram:
Vocês vão perder tempo montando equipe de cardiologia para fazer isso no Ceará,
já que está funcionando tão bem com os Minastelecárdios...Só que chegou um determinado momento que não tínhamos como pagar, e ficamos devendo cem mil reais ao Minastelecárdio, até hoje não conseguimos pagar, e aí foi o jeito começar a montar a nossa equipe. E, graças a Deus, nós encontramos pessoas de excelente qualidade. Eu sou muito grato a esses jovens que encontraram, quero depois até que o depoimento deles seja dado.
Muita gente pensa que o Telecardiologia é só fazer um eletro lá no interior; o eletro vem para cá, dá o laudo, e o eletro volta, e o cidadão recebe o laudo. Essa é uma parte. Existem mais duas outras partes.
Imagina a quantidade de pessoas no interior que sente uma dor no peito, e chega ao hospital que não tem condição de fazer um eletro nem quem leia para dizer se aquela dor no peito é ou não infarto agudo no miocárdio.
A quantidade de pessoas que chegam aos postos de saúde espalhados no interior com alguma sintomatologia, e está com um bloqueio total, ou seja, precisando implantar um marcapasso. Isso hoje é o que nós recebemos com muita frequência. Na realidade não é só laudar. É, além de laudar, orientar pacientes em situações críticas e podem ser orientadas para receberem um diagnóstico adequando.
E mais, quando esses pacientes chegam ao Hospital de Referencia já chegam com um diagnóstico. Todo mundo sabe, esse é um conhecimento bem simples de quando se inicia um infarto agudo do miocárdio, é um evento que mata logo 30% de pessoas na primeira vez, abre-se uma janela de tempo que se não fizer um atendimento adequado, a partir do momento em que esta janela fecha, fecha uma série de prognósticos benéficos para o paciente.
Ao chegar ao hospital, por melhor que seja o Hospital de Referencia, ainda vai ser feito um diagnóstico, e está faltando meia hora para terminar a sua janela, pode ficar certo que você vai se prejudicar bastante. Mas, ao chegar ao hospital com um diagnóstico feito pelo Telecardiologia, esse tempo chamado tempo portassala encurta tanto que os benefícios são absolutamente palpáveis; e tem já trabalho escrito no Brasil mostrando isso. Ou seja, Telecardiologia não é só dar laudo, mas orientar também em situações de emergências.
E aí vem a terceira coisa que o Ministério adora e nós ficamos felicíssimos: é a possibilidade de o generalista que está lá na ponta poder aprender com o cardiologista que está aqui dando o laudo como se conduzir em situações futuras, para ao encontrar-se numa situação daquela, e não tiver disponibilidade da Telecardiologia para alguma coisa, mas ele aprendeu em como fazer.
Algumas pessoas perguntam: Rapaz, o médico do interior não sabe ler eletro? É tão fácil, coloca o eletro lá e o médico generalista sabe ler. Sabe. O problema não é saber ler o eletro, mas poder se responsabilizar por ler o eletro e por dar um laudo, já que ele não tem autorização para dar esse laudo. Quem tem autorização para fazer isso é um cardiologista.
Nenhum dos senhores que queira fazer uma cirurgia de catarata e precisa fazer um eletro de rotina, principalmente se for acima de 50 anos, tem de ser laudado por um cardiologista.
Se você estiver com um eletro em mão, e viajar para outra cidade onde tenha cardiologista, e só para você olhar para ele e ele olhar para você e fazer o cara-crachá e colocar eletro normal, imagine o custo disso para a saúde. Era o que acontecia na minha cidade em Baturité, que foi por onde nós começamos a fazer o Telessaúde.
Slide - Funciona com uma equipe própria; de segunda a sexta e de 8 às 18horas. Graças a Deus, mudou o horário, de 7 às 19horas.
Hoje nós temos condição de nesse período dizer que em 31 municípios esse serviço está disponível. Nós fazemos uma média de cento e poucos eletros por dia. Hoje, graças a Deus, não fica mais um eletro sem laudo para o dia seguinte, todos são laudados no dia, mesmo com as intercorrências. Quando ocorre intercorrência o plantonista para e vai atender a intercorrência. A intercorrência pode ser atendida por webconferência, por telefone, por celular, aí vale tudo. Aí ninguém escolhe. Escolhe atender paciente e orientar.
Eu já vi várias vezes o Dr. Glauber, plantonista do Hospital de Messejana, dizer assim: Os pacientes precisam disso assim, assim, leva tal hora que eu estou no Hospital de Messejana, eu atendo e faço o que é preciso fazer. É uma mordomia. O paciente passa a ter um atendimento que nem muitos atendimentos particulares conseguem dar.
Slide - Como funciona hoje o Telecardiologia: Nas duas pontas tem um computador; tem um ECG digital no ponto remoto; esse ECG digital nós conseguimos que a fábrica, quando vendesse para o Telessaúde, em negociação direta, fizesse um preço 50% mais barato se fosse
comprado no mercado.
Nós tivemos problemas, algumas pessoas que chegavam aos municípios e vendiam eletros dizendo que eram digitais e não eram. E com isso negociava com o Cossems, negociava com a Secretaria, e quando chegava lá o eletro não era digital. Paciência.
Slide - Tem que por um link com a internet, no mínimo de 256 KBPS. Se fosse só para fazer Telecardiologia não precisava do 256 KBPS, podia ser menos. Uma ECG gera um arquivo de no máximo 10 KBPS, mas se for muito exigente ele vira um arquivo, então, não e precisa de 256, teoricamente. Mas acontece que nós não fazemos através desse sistema só a Telecardiologia. Com 256 nós conseguimos fazer Teledermatologia, Telepsiquiatria, com 256 nós conseguimos a segunda opinião formativa. Só não dá para fazer cirurgia robótica, Telerradiologia nem Telerradiologia. Aí é querer demais com 256. Mas eu estou esperando o Cinturão Digital.
É uma coisa acessível. O que significa dizer, desde já, que essa tecnologia não precisa ser afastada, deixada de lado quando nós estivermos na realidade do Cinturão Digital. Ela pode continuar fazendo coisas simples e que são baratas, e aproveitar o Cinturão Digital para fazer coisas que são realmente possíveis de fazer só com o Cinturão Digital. E claro, outras coisas como ações de educação. Se tivermos uma banda maior nós vamos poder fazer uma webconferência não, mas com videoconferência que é bem melhor. Não tenha dúvida! Mas a webconferência para uma emergência para orientar, funciona.
Nós não podemos aqui pensar no Tecnopólio.
Hoje nós temos uma webconferência na faculdade e tivemos uma videoconferência. Antigamente, não se trabalhava com webconferência porque não sabia. Hoje nós trabalhamos com web e com vídeo, por quê? Porque para o Interior só funciona a Web, ainda não funciona vídeo e funciona bem. Nós temos vários casos documentados.
Slide - Uma das grandes vantagens da webconferência é a independência do tipo de conexão. Eu posso ter um município que esteja conectado por rádio e funcionar, e outro estar conectado com ADSL e funcionar; outro estar conectado com um modem e funcionar, ou seja, independe. Já a videoconferência não, porque existem algumas características de maior exigência, necessitando de uma coisa mais sofisticada.
Slide - Os cardiologistas de plantão; a interatividade. Por exemplo, se o Dr. Glauber der um
laudo, o generalista lá na ponta achar que tem dúvida quanto aquele laudo, ele tem todo o direito de dizer:
- Dr. Gluaber, eu queria discutir esse eletro com o senhor.
Qual é a vantagem? Os dois discutem o elétron conversando pela webconferência e vendo o seu traçado na tela. Então não é uma coisa teórica. É o elétron aqui, nesse traçado aqui, nesse trecho, o senhor disse que tinha uma onda investida, e eu não estou vendo essa onda tão investida.
O Dr. Glauber. - Está aqui rapaz, a onde está investida assim, assim e tal; vejam isso e tal.
Há relatos em cidades de municípios que já tem isso há muito tempo, em que os médicos, às vezes, recebem propostas para mudar de município, e diz assim:
-Tem Telecardiologia lá? Tem Telessaúde lá?
-Tem não.
-Então não adianta me dar mais cem, duzentos reais não. Eu fico aqui porque estou aprendendo. Eu não sabia tanto elétron quanto eu sei hoje, por isso eu prefiro ficar aqui ganhando menos!
Ou seja, é um ganho indireto e ajuda na fixação do profissional.
Slide - O uso de licenças acadêmicas. Essa é uma das razões pelas quais eu sempre chamo atenção da importância de isso ter começado nas universidades. Por exemplo, o Windows - e todos os 102 municípios utilizam - é um Windows que tem um preço bem mais baixo. Por quê? Porque nós ficamos usando o Windows da licença acadêmica que a UFC comprou. E nós conseguimos negociar que pudesse ser colocado para esse projeto. Isso foi de altíssima utilidade, porque todo o dinheiro que nós economizamos e não comprando o sistema operacional, nós conseguimos comprar os primeiros eletrocardiógrafos digitais, depois de uma queda de braço grande em relação ao preço, para começar o Telecardiologia. Nessa história nós ganhamos dois elétrons de brinde, e nos foram repassados em menos de três dias, e já estavam trabalhando porque não adiantava ficar um aparelho de eletrocardiografia lá dentro do Núcleo, mas cardiologista.
As equipes no interior mudam muito. Aqui e acolá tem município que diz: A pessoa que fazia elétron aqui saiu, foi para outro canto, não está... A gente fica juntando de quatro, de cinco para dar um treinamento melhor. Hoje não, se precisar nós damos um treinamento para uma pessoa pela manhã; damos treinamento para uma pessoa ao meio-dia e à tarde, e se aparecer quem queira
treinar de noite, eu também darei. Geralmente eu peço para trazer o seu elétron, porque não temos disponíveis.
A nossa equipe, hoje, está preparada para treinar rapidamente as pessoas. Por quê? Porque entendemos que o preço de um ponto desse parado, sem funcionar, é intangível; significa, às vezes, vidas que vão ser perdidas. Isso não é brincadeira. Eu não estou exagerando.
Slide - Os ECGs têm um preço especial, e parte do software que nós utilizamos, ou seja, sistemas operacionais para os servidores, sistema de webconferência, é o software livre. Temos condição, hoje, na faculdade, de fazemos até 200 conexões simultâneas por webconferência interativa. Só que a interatividade da webconferência, muitas vezes requer que se use uma ferramenta de chat.
Poucos dias atrás, por exemplo, nessa epidemia de dengue que está acontecendo, veio um professor da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), e o Secretário de Saúde pediu o nosso apoio, e esse professor deu uma palestra sobre o manuseio clínico da dengue. Na hora de pique estavam 51 municípios assistindo a aula desse professor. Com detalhe, essa aula é gravada, e fica disponibilizada por vídeo string, e a pessoa pode assistir a hora que quiser. Nós colocamos uma marca dágua para o cidadão não gravar a aula e sair vendendo na Praça da Lagoinha dizendo que é um CD pirata.
Todos os colegas que dão aulas cedem os direitos autorais, mas ficando o reconhecimento para eles os direitos autorais no sentido da autoria intelectual, não comercial.
Slide - São vários benefícios que existem no Projeto Nacional Telessaúde, desde o fato de funcionar como estímulo à fixação do profissional, melhorar, indubitavelmente, a qualidade do atendimento. Imagine um município que não tem condição de ter um elétron com rapidez para atender um paciente que está com uma dor no peito. A única opção que ele tem é ser transferido. Eles transferem todos os pacientes que chegarem com a mão no peito, mas nem toda dor no peito é infarto.
O Ministério da Saúde tem umas estatísticas curiosíssimas. O município que gasta mais dinheiro com o combustível do que com a saúde em si, é até ambulanciaterapia.
A referência não está sendo feita por qualquer pessoa, mas por um profissional especializado e tem residência médica, tem o título de especialista. Não é qualquer pessoa que está trabalhando na
outra ponta com um especialista focal.
Slide - Salva vidas. Nós temos um depoimento candente de um cidadão que era Secretário de Saúde e foi a um desses municípios, porque nós fomos montar o Telecardiologia. Ele tinha comprado um elétron e disseram que era digital, e não era.
Nós voltamos tristes, demos viagem perdida. Mas uma semana depois ele telefona e diz assim:
- Rapaz, eu conversei com o prefeito, e ele me fez a seguinte pergunta: Não tem outro posto de saúde para colocar esse elétron?
Eu disse: - Rapaz, se o senhor quiser cada posto de saúde do município quer um elétron.
- Pois então compre um desse digital e coloque esse noutro que está precisando! Qual é o problema? Vamos colocar!
Comprou o elétron digital; fomos lá e implantamos e tal.
O curioso da história: não menos do que três meses depois ele se sentiu mal, e a Secretaria de Saúde é bem pertinho do posto onde está o Telecardiologia, e ele foi lá. Diz ele, eu não sei se foi charminho, que chegou lá e não se identificou como Secretário de Saúde. Eu não acredito que ele não fosse conhecido, à época. Mas ele estava enfartando com rompimento de cordoalha. O colega que o atendeu em Minas Gerais disse:
- Se ficar aí mais um pouco pode pedir o caixão!
Esse cidadão foi transferido às presas; foi feita uma cirurgia de emergência. Ele até deu o seu depoimento no Jornal Nacional, contando a história e muito feliz. Realmente ganhou vida nova.
Está lá documentado, não estou inventando nada.
O novo sistema serve a vários propósitos.
Quando a Secretaria de Saúde fez a licitação para comprar os primeiros elétrons digitais, houve uma impugnação por que o elétron tinha que ser digital, que Telecardiologia se fazia muito bem e há muito tempo com um elétron convencional, analógico.
E me perguntaram o que eu respondi. Eu disse que usando a Tecnologia da Informação podia atender a vários programas e não somente Telecardiologia.
Também mandei dizer uma ironia: Não querer comprar eletrocardiógrafo para fazer Telecardiologia dentro da modernidade do uso da Tecnologia da Informação e das Comunicações,
seria o equivalente a propor que todo o transporte de mercadorias do Estado, que hoje era feito de diversas modalidades mais rápidas, voltassem a ser feito a custas de alimárias. Eu não quis colocar no documento o nome jumento, eu coloquei alimárias. Seria regredir! Mas eu não estou contra não!
Por exemplo, quando vocês olham como o SAMU trabalha, é com tecnologia mista. Ele tem um eletrocardiógrafo que é analógico; transforma o sinal do elétron num som; manda esse sinal por um telefone para o INCOR, no que decodifica, e de lá vem o elétron, a orientação, por telefone.
Nós poderíamos assumir o SAMU daqui com tecnologia digital, até que um modem desses, um netbook resolveria o problema do mesmo jeito.
Slide - A segunda opinião formativa é outra coisa que o Ministério da Saúde faz muita questão.
O que é a segunda opinião formativa? Na realidade, é um conceito de apoio à tomada de decisão.
Considera-se que cada médico trabalhando no PSF (Programa de Saúde da Família), só os médicos, eu não sei as enfermeiras, mas acontece com elas também, mas só os médicos trabalhando no PSF, eles têm direito por cada turno de serviço de quatro, cinco horas, a terem pelo menos 16 dúvidas.
Chega paciente e diz: - Rapaz, eu estou com uma dúvida. Eu desejo a clariedade nesse caso que eu não sei se realmente a melhor conduta é essa e tal, tal, tal. O que ele faz com essa dúvida?
Então, a segunda opinião formativa é exatamente a tentativa de colocar à disposição desse médico generalista ou de outra área, condições para tirar dúvidas, de forma a oferecer a melhor conduta baseada na melhor evidência científica existente. Para isso ele precisa de um médico regulador. Esse médico regulador quando recebe a questão, se já souber como responder aquilo, responde de imediato; se não souber, mas souber a bibliografia que pode ajudar, indica a bibliografia; e ainda, se ele não souber os dois, o médico regulador diz: - Isso aqui é algo que é da experiência e da competência de um especialista focal.
Nós temos isso instalado hoje, funciona off-line com toda a segurança, porque isso requer atender uma Resolução do Conselho Federal de Medicina, e nós temos hoje médicos, enfermeiros, odontólogos dentro desse sistema, todos trabalhando, conseguindo a opinião formativa. Já temos
hoje a possibilidade de fazermos um repositório de questões. De tal forma que uma pessoa que hoje entre no sistema poderá dizer: - Rapaz, eu tenho uma dúvida assim, assim e assim, e será que alguém não já teve essa dúvida, perguntou e já foi respondida?
Se ele for ao repositório, com toda probabilidade, ele vai encontrar algo lá. Se não, recorre ao sistema. E nós vigiamos para que não mais do que quarenta e horas se passem desde a pergunta até a resposta.
Slide - Isso também funciona como apoio à regulação. Sem dúvida, a presença do médico regulador é importante, mas não há necessidade que esse médico regulador seja especialista em saúde da família e da comunidade.
O próprio Ministério legislou sobre isso e indicou que poderia ser um médico com experiência em regulação; um clínico geral com experiência em regulação, ou um médico da saúde da família e da comunidade.
A existência das especializações focais, o banco em questão e intercâmbio entre os núcleos, claro. Se o núcleo daqui tem expertise em Telecardiologia e em Teledermatologia, e tem um núcleo de Goiás que tem expertise em Teleoftalmologia, é obvio que nós devemos trocar informações para haver cobertura de todos os lados. Não acrescenta nenhum centavo a mais essa história toda. Pode ser feita perfeitamente.
Na época em que estávamos trabalhando com Minas Gerais, nós não podíamos dar apoio em Telecardiologia. Mas os nossos técnicos davam suporte. Às vezes tinha município do interior do Estado de Minas Gerais que estava no suporte dizendo: - Rapaz, eu não sei o que está acontecendo porque esse computador aqui não está conseguindo enviar o elétron.
Só for dizer isso para o cardiologista que está de plantão, ele vai perder tempo explicando. O cardiologista não sabe mexer no Windows a ponto de dar suporte. Mas nós temos dois técnicos de plantão que colaboravam com os técnicos de Minas Gerais. E, às vezes, tinha municípios aqui pedindo suporte a Minas Gerais. Ou seja, esse tipo de colaboração é muito útil e tem com funcionar esse intercâmbio.
Slide - Esses orifícios são evidentemente inegáveis. Nós temos como mostrar isso na prática. Mas já avançamos também nesses anos para ações, por exemplo, como esse Programa Saúde na Escola.
Na segunda fase do Telessaúde, nós estamos prestes a começar a terceira etapa, foi reservada certa quantia para que esse programa pudesse ser executado.
O que é o Programa Saúde na Escola?
É um programa de educação à distância, com uso de recursos de Tecnologia da Informação, educação à distância on-line de última geração, com transposição didática, ou seja, com linguagem web, para formar alunos nas escolas, dando a esses alunos conceitos de saúde válidos, atualizados, reais e corretos, para serem os repassadores desses conceitos nas suas comunidades.
Então, nós podemos atuar desde a luta contra a drogadição, como podemos apoiar na luta contra a verminose, podemos nos apoiar na luta da necessidade de que as crianças sejam vacinadas. Um rapazinho adolescente chega a casa e, se ele tiver um irmão novinho, e observa que a mãe não está cumprindo a vacinação, ele diz: - Mãe, lá no curso eu vi que é bom vacinar e tal...
Tudo isso pode ser estendido também para a formação de Agentes de Saúde. Nós podemos formar Agentes de Saúde; fazer curso permanente de Agente de Saúde. A nossa equipe está fazendo perfeitamente isso com qualidade, sem problema; os profissionais estão lá, o esquema está montado. E tudo isso na web.
É um dos programas que mais cooperação e convergência houve, porque entrou gente da Secretaria de Saúde, gente da Secretaria de Educação, juntos dos municípios, etc. Ficou uma coisa linda, linda e perfeita. A gente fala nisso com orgulho porque realmente é uma coisa que a gente começou com muita dificuldade e o resultado está sendo, graças a Deus, muito bom.
Slide - Nós temos umas dificuldadezinhas, para não dizer que tudo são flores.
Existem três coisas que são básicas para que um projeto de tecnologia da informação e da comunicação dê certo.
1-Apoio político;
2-Apoio político;
3-Apoio político.
Ou seja, se o gestor não ajudar, não se envolver e não se interessar, pode ficar certo que não vai funcionar. Não vai funcionar na saúde, na educação, na Tecnologia da Informação em coisa nenhuma. Não vai funcionar nem ela para ela mesma se o gestor não apoiar.
É nítida a diferença da evolução num município em que os Secretários de Saúde gostaram, se envolveram, exigiram, foram lá e batalharam, e outro município onde a coisa foi morta. Nós tivemos exemplos de chegar num município e não ter ninguém esperando para implantar o ponto; daí a pouco apareceu uma pessoa e dizer: - Minha filha, cadê o Secretário de Saúde?
-Ele olhou aqui o relógio e disse: Esse pessoal lá vem hoje, e foi embora.
Daí a pouco chega uma médica sozinha e diz: - Vocês poderiam esperar só um pouquinho, porque eu vou a casa tomar um banho porque eu derramei café no vestido.
Bom, a gente já sabe que um município desse não tem chances. Vamos dar chance a um que está querendo.
Na verdade, outro problema no momento é a falta de um maior envolvimento do Cossems. Isso não é para cobrar do Cossems, mas porque somos cobrados pelo Ministério da Saúde o envolvimento do Cossems.
O Cossems foi um parceiro excelente nos dois primeiros momentos, mas no momento atual nós já fizemos uma tentativa para nos aproximar, e não está sendo muito fácil. Sem a participação de um órgão desses, por exemplo, pode ficar certo que nós vamos ter muita dificuldade de evoluir.
Então, deputada, o que a senhora poder fazer para nos ajudar num sentido desses...
Vou contar uma coisa. Na nossa capital não tem um ponto de Telessaúde instalado. Era para serem instalados dez pontos, porém, não tem um ponto instalado. Quando nós começamos a instalar ia até o final da segunda fase a Rede de Comunicação dos postos de saúde dos municípios de Fortaleza era uma rede de 64k. Com 64k não dá para fazer muita coisa, porque tinha que ser 64k para tudo que eles já faziam mais o Telessaúde, então, não tínhamos como fazer.
Conseguimos com a universidade, depois de muito esforço, que o Posto 5, como é perto da Faculdade, que fosse passado um cabo de fibra óptica que saísse do Laboratório de Informática e fosse para o Posto 5. Fizemos um contrato para que ficasse ligado só para a Telessaúde.
Quem conhece a Faculdade sabe onde fica o Posto 5, vê o caminho do cabo de fibra óptica que foi passado. Esse cabo foi quebrado três vezes; consertava, com três dias quebrava de novo. Na terceira vez que consertou, eu disse que não ia mais atrás, talvez estivesse incomodando alguém. Paciência. O que eu vou fazer? Até isso nós tentamos.
Slide - Nós temos um plano de metas e tínhamos que cumprir esse plano. Quando faltavam dois meses para terminar, eu perguntei ao Ministério da Saúde: - O que eu faço com os dez pontos de Fortaleza, eu fico só nos noventa?
Ele perguntou: - Você tem mais município que queira implantar? Respondia que tinha cerca de uns trinta e estava doido para implantar. E ele me orientou para redistribuir. E eu redistribuí por ficha de inscrição.
Então não é que os pontos de Fortaleza não tenham sido instalados e que nós não quiséssemos querido instalar. Nós quisemos e fizemos tudo para instalar.
Slide - E aí entra também na mesma linha outra coisa. Nós conseguimos negociar na bipartite, a partir do ano passado, por iniciativa, inclusive, o esposo da senhora, o Dr. Marcelo Sobreira foi um grande colaborador do Telessaúde; ele é o retrato e o gestor sensível a isso, que fosse repassado da alta e média complexidade R$50 mil/mês para que o Telessaúde pudesse dar continuidade à Telecardiologia e implantar a Telepediatria, que é uma necessidade brutal no interior do Estado.
Por alguns mecanismos que eu não sei o que é, o dinheiro para chegar à entidade que vai fazer isso, que é o Iprede, e hoje é nosso parceiro como a instituição que contrata os cardiologistas e os pediatras. Porém, o mecanismo que não consigo entender, esse dinheiro não pode sair do Estado diretamente para o Iprede. O Presidente Sulivan Mota inclusive é meu compadre, padrinho do meu filho, me disse:
- Rapaz, eu não entendo por quê. Eu tenho vários projetos aqui em que o dinheiro vem diretamente para cá, do Estado. Só esse que não pode. Eu não entendo o motivo.
Só que Secretaria de Saúde do Estado já renovou, todo mês recebe R$50 mil e não repassa um centavo. Isso é grave! O Estado repassa para a Secretaria Municipal de Saúde. Tudo que a Secretaria Municipal de Saúde pediu em termos de documento, legislação e tal, tinha que publicar; e já foi publicado e renovado, mas não repassa.
Numa reunião da Bipartite que houve um ano atrás, eu fui lá e pedi para que se tomasse alguma providência, o Secretário atual de Saúde, o Dr. Alex, foi muito claro em dizer que realmente não repassava porque o gabinete da prefeita não concordava.
Eu estou dizendo isso na Casa do Povo, um povo que adoece, um povo que morre por causa
de irresponsabilidade administrativa de quem age desse jeito. Isso é grave! É por conta de coisa dessas que acontecem neste país que o De Gaulle dizia que o Brasil não era sério. Essa não é hora de brincar!
Eu peço, veementemente, que a senhora, por favor, nos apadrinhe nessa causa. Se a senhora for lá ver a quantidade de pessoas que estão sendo salvas pelo Telessaúde, a quantidade de crianças que não podem chegar ao Iprede; o Iprede fazia um trabalho belíssimo, mas quem é que se salva? A criança que chega ao Iprede. E as que não podem chegar? Nós podemos ir com o Iprede até a essas crianças no interior, mas precisamos de recursos. Isso não é brincadeira! Isso não é brincadeira! Desculpem a ênfase, mas é revoltante um negócio desses!
E nós dissemos ao Secretário: - Cadê os nossos dez pontos?
Eu disse - Os dez pontos não foram instalados porque o senhor nunca teve banda.
Ele disse: - Mas agora tem banda.
- E na hora que o senhor repassar, nós montamos os dez pontos do Telecardiologia, os dez pontos do Telessaúde nos postos que o senhor disser. Eu não quero nem escolher os postos. O senhor diz onde é o posto e nós vamos lá e montamos. Repasse o dinheiro que nós fazemos isso. E eu assumo esse compromisso aqui. Esse compromisso eu assumo aqui.
Sabe qual é o prejuízo disso? Poucos dias atrás o colega de Goiás lançou um projeto na área de Teleoftalmologia, mas o projeto só podia ser executado nas capitais. Nós somos uma das capitais que ficamos de fora em prevenção da cegueira e em pacientes diabéticos, é uma coisa séria, esse projeto não hoje tem participação no município de Fortaleza porque nós não estamos com o ponto de Telessaúde instalado. E não temos o ponto de Telessaúde instalado porque nunca ajudaram a instalar. E se repassarem o dinheiro, a gente instala e rápido!
Eu tenho capacidade de instalar cinco pontos por semana. Se duvidar, eu instalo cinco pontos por dia. Em dois dias eu instalo tudinho, é só ter banda, ter o local e chegar lá e ter o ponto funcionando na internet. Isso aí a gente tem hoje.
Então, é decisão política, apoio político, sensibilidade política. Agora têm gestores e gestores, infelizmente.
Slide - Uma coisa que eu queria lembrar, para finalizar, na Portaria de 2010 foi estabelecida uma necessidade de criar um Comitê Gestor Estadual. Isso deveria ter começado a funcionar já. Na
realidade, houve um ensaio do nosso ex-secretário, mas é uma época política, ano político, e a gente sabe como essas coisas realmente tomavam atenção, etc. Esse Comitê Gestor precisa começar a funcionar até para ajudar em situações como essa que nós estamos vivendo, de um dinheiro que está saindo para a Atenção da Alta e Média Complexidade para ir a determinado local e não está chegando onde deveria chegar, e gente está sendo prejudicada.
Regularizar esse repasse. Não há desculpa para não universalizar o Telessaúde no Ceará. Não existe desculpa. Pode não existir vontade política, até porque nós trabalhamos com custos baixos. Não trabalhamos com custos elevados, e podemos provar isso.
Precisamos do apoio da Assembleia Legislativa na maior divulgação disso, porque muda uma quantidade enorme de prefeitos, etc., e tudo, e a gente fica sem acesso a esse pessoal. E com a senhora como deputada ou a própria Assembleia Legislativa, se tiver uma comissão que chame, esclareça e diga: - Isso é uma responsabilidade que você tem com as pessoas do seu município!
Temos uma carência muito grande na formação de pessoas. Estamos na tentativa de criar o Curso de Especialização em Tecnologias Educacionais em Saúde, especificamente voltadas para a área da saúde. Claro que um dos professores já está aqui convidado. Isso, inclusive, no Ministério recebeu um apoio interessante. Eles diziam: - Nós não temos dinheiro para botar nisso aí.
As conversas no âmbito da Universidade com a administração superior, e também com o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação foram muito boas. E nós precisamos de apoio, porque colocar um curso desses significa uma série de coisas que envolvem custos, quer dizer, arranjar bolsas pela Funcap, coisa dessa natureza, sensibilizar.
Convido a todos vocês conhecerem o Programa Saúde na Escola através do nosso site Telessaúde do Ceará.
Slide - O meu contato é Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., e eu recebo e respondo e-mail.
Há uma frase do professor Francisco Campos, era o Secretário da Seagete quando tudo isso foi feito, e disse que se fala muito hoje em dia em inclusão digital, e a gente sabe que realmente melhora absurdamente a qualidade de vida das pessoas em todas as áreas. Ele puxando a brasinha para a sardinha dele, e eu também vou fazer isso agora: Será que existe - eu creio que não - uma maneira de inclusão digital melhor do que inclusão em saúde? Será que existe uma maneira de inclusão social melhor do que inclusão em saúde? Obrigado. (Aplausos).
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Nós parabenizamos ao Dr. Luiz Roberto de Oliveira pela sua explanação.
Passamos a palavra ao Dr. Fernando Carvalho, cardiologista.
SR. FERNANDO CARVALHO: Boa tarde Deputada Mirian Sobreira, colegas.
O trabalho do professor Luiz Roberto eu venho acompanhando algum tempo, depois que voltei do meu doutorado, comecei a visitar o Departamento de Cirurgia, inclusive, trouxemos alguns professores, e um deles, uma autoridade americana Edward, em Telessaúde e Telemedicina.
O trabalho é heróico, porque mesmo com recursos escassos consegue obter resultados relevantes. Isso tem que ser dito. É um trabalho heróico.
O Cinturão Digital como explanei aqui em outra ocasião, é uma infraestrutura que vem melhorar consideravelmente o acesso às tecnologias digitais. A Telessaúde é uma dessas aplicações, e para mim, pessoalmente, é a aplicação principal do Cinturão Digital. Eu cito outras, como a educação à distância. Mas a educação à distância traz o ensino, por uma carência que o Estado tem de professores, e a gente espera que seja passageira.
A Telessaúde não, ela vem e impacta diretamente a vida de todos os cidadãos, sem exceção. Além disso, o ensino a distância talvez seja a principal parte da Telessaúde.
Essa infraestrutura permite que se passe para outro patamar, inclusive melhorando muito a atenção básica. Agora existe uma vazante de dados de conexão bem maior. Quando eu dito bem maior, é até milhares de vezes do que o que a gente tem hoje.
O interesse do Estado, no primeiro momento, isso já tem projeto no MAPP (Monitoramento de Ações e Programas Prioritários), são os projetos analisados pelo governador e pelas secretarias para montar uma Rede de Telessaúde no Estado, envolvendo os quatro principais centros hospitalares: Fortaleza, Sobral, Juazeiro e o novo hospital que vai ser construído, e as Policlínicas. Um dos objetivos básicos é fazer com que médicos que estão nesses principais centros atendam as pessoas remotamente, de forma que seja minimizado o deslocamento de pacientes por ambulâncias; sempre com a presença de um médico local, e uma segunda opinião remota.
O projeto dessa Rede é muito interessante, porque no limite leva até mesmo o interesse da pesquisa. Um dos pontos desse projeto é a aquisição de um robô, onde poderá fazer cirurgias locais e cirurgias remotas com esse equipamento; custam dois milhões de dólares e está em vias de
licitação para a instalação.
Esse equipamento, no âmbito da pesquisa, permite que um cirurgião em Sobral, por exemplo, consiga operar um paciente que esteja em Juazeiro do Norte. Isso ainda em nível de pesquisa.
Muitas cirurgias que são feitas com outras metodologias aqui no Ceará já são feitas em outros países, preferencialmente usando esse robô. Ou seja, como no caso a Prostatectomia, que é uma cirurgia muito delicada, hoje nos Estados Unidos os médicos prefere usar o robô que propriamente outros métodos para essa cirurgia. Isso é, para mim, um longo avanço, ou seja, é o tipo de serviço digital a que se propõe o Cinturão Digital. Ou seja, um acesso de altíssima velocidade.
Quanto à universalização, eu acho que é totalmente possível. A gente sabe que muitos municípios ainda não têm condições de ter um acesso nem de 256 KBPS. Você vai encontrar, talvez, mais da metade dos municípios do Estado, por volta de uns 93 municípios onde não é possível ter um acesso nem com 256 KBPS para fazer a Telessaúde.
Mas isso também é passageiro. A gente espera que no máximo em dois anos os 184 municípios tenham o acesso à altíssima velocidade. Quando eu falo altíssima velocidade é ter coisa de no mínimo um gigabyte por segundo no município. O município que menos terá vazão será a vazão de um gigabyte por segundo.
Então, isso é totalmente possível, faz parte do nosso planejamento, mesmo porque a próxima fase do Cinturão Digital é um processo de leilão de concessão pública, onde o Estado concede a infraestrutura para empresas privadas.
E com isso, certamente, a Telemedicina é a aplicação principal, é a que mais vai se beneficiar desse tipo de acesso digital.
SR. CARLILE LAVOR (Cardiologista): Eu fico muito satisfeito em ver a Assembleia Legislativa desenvolver esse tipo de trabalho.
Nessas três primeiras apresentações, eu participei da passada, e não sabia da participação da primeira sobre o Cinturão Digital com o Fernando. Mas fico muito satisfeito, e dou meus parabéns primeiro à deputada Mirian. Eu vi já há alguns anos ela e o Marcelo Sobreira sendo pioneiros na utilização da informática no Laboratório de Análises Clínicas. E, a Mirian, não é por acaso que está
aqui, ela é realmente pioneira na utilização da tecnologia dos computadores lá no laboratório.
Parabenizar o Luiz Roberto com a equipe, eu o acompanho há alguns anos o trabalho e o esforço dele e vai à frente e vai conseguir, se Deus quiser, é assim que se conseguem os resultados. O Fernando também, a sua família é lá do Cariús, município vizinho ao nosso Jucás.
Esse trabalho que está se fazendo é realmente de maneira especial. O Ceará tem um avanço muito grande. Mas para que isso realmente traga resultados precisa de todo esse suporte que são vocês cardiologistas lá com o Luiz Roberto e toda equipe, para levar isso lá para o interior.
Eu sei o que é o médico de Saúde da Família, e todo o esforço que se faz para levar o médico para o interior do Estado, mas tem que ter o apoio.
Alguns dizem: - Mas duzentos reais a mais levam um médico de um município a outro. Não, não é isso. É o que o Luiz Roberto falou: tem que ter condições de trabalho. Você saber que se tiver um paciente com problema cardíaco, pode contatar, pelo menos de segunda à sexta-feira no horário das 7 às 19h, já tem um apoio. É um movimento maior realmente que se tem nos centros de saúde lá no Saúde da Família. Puxa! Isso é um avanço grande demais! Nós temos que fazer o Cossems participar disso.
Eu, pessoalmente, vou ao Cossems para ver isso, quero mesmo visitar para ver se funciona das 7 às 19h; ver de perto o cardiologista que está de plantão; que custo é esse. Pelo que o Luiz falou, é um custo que dá para a prefeitura pagar dentro do SUS? Só em trazer um paciente numa ambulância quanto isso vai custar? E vai chegar ao HGF ou em Messejana para ser atendido? Isso ele pode resolver por lá?
Eu, pessoalmente, quero ir ao Cossems e fazer essa propaganda, mostrar que isso está a acontecendo. Eu quero ir lá ver funcionando; quanto custa, como é o horário e se está atendendo mesmo bem, e quero levar isso ao Cossems. Eu acho isso essencial que aconteça. Ir com o Fernando Carvalho levando essa possibilidade da comunicação digital para o Estado inteiro.
Uma das coisas que sei que é prioritária não só para as escolas, mas também para as Unidades de saúde. Eu estou ouvindo dar ênfase ao Telessaúde como sendo uma das aplicações primeiras do Cinturão Digital.
Eu agradeço à deputada Mirian a oportunidade de estar aqui. Na Fundação Osvaldo Cruz a gente tem pensado nisso, trabalhado.
Na Universidade Federal do Ceará existe um grupo de Engenharia de Teleinformática e pode dar todo avanço a mais a isso. São pesquisadores da Engenharia que estão desenvolvendo equipamentos para que entrar nessa rede.
Então, pode entrar com o acompanhamento de trabalho de parto; na radiologia, o Luiz falou da dificuldade, mas com essa velocidade grande que se entra no Cinturão Digital, certamente a Radiologia vai ser um dos caminhos que a gente pode fazer a distância. Radiologistas hoje são raros no interior no Estado. Mas se tiver equipamentos para fazer a Radiografia e ele saber interpretar o resultado, poxa, o que vai diminuir de viagens de ambulâncias. Isso vai ser um grande avanço.
Eu parabenizo a vocês todos por estarem trazendo isso e fazendo com que aconteça. Uma coisa é ter a ideia, imaginar. Outra coisa é fazer acontecer. Parabéns a todos vocês!
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Agradecemos a participação do Dr. Carlile. O Ceará vai ser um antes do Cinturão Digital e outro, depois do Cinturão Digital, porque vai ser um grande avanço.
Com o apoio ao Telessaúde seria um aperfeiçoamento daqueles programas que o senhor implantou no Ceará, o Agente de Saúde. Já pensou se nós pudéssemos contar pelo Telessaúde e capacitar o Agente de Saúde, o Técnico de Enfermagem, enfermeiro? Tudo isso seria um grande avanço para o Ceará, utilizar a tecnologia em favor da vida, em favor da saúde.
SR. CLAUBER JEAN (Cardiologista): Eu queria agradecer o convite da deputada Mirian. Reforço o convite ao Dr. Lavor para conhecer o nosso serviço. Nós dispomos hoje de dois cardiologistas de plantão, de 7 da manhã às 19h.
Dados bem recentes, eu posso dizer que nos últimos dez meses nós atendemos a 800 solicitações, segundo a Opinião e, desses oitocentos, apenas 90 pacientes tinham indicação de encaminhar a um serviço terceirizado, a um serviço de cardiologia.
Faz-se uma conta da economia que foi do paciente, já que a sua rotina é levantar às 3, 4h da manhã, pegar uma ambulância, para estar às 7h da manhã no hospital de Messejana, e voltar 3, 4h da tarde. Fora os custos. O paciente vem com acompanhante, tem custo com alimentação e todo o seu desgaste. Eu estou falando de pacientes cardiopatas; tem também o custo econômico do município.
Apenas 10% tinham a indicação de serem encaminhados a um hospital terceirizado de
cardiologia.
Um caso bem recente que eu, pessoalmente, atendi. Uma senhora de pouco menos de 50 anos chegou ao posto de saúde do município com uma dor no braço esquerdo. Sabidamente, o médico de plantão pediu um elétron. E essa dor no braço esquerdo era um enfarto grave que manifestou de maneira atípica. E foi encaminhada para Messejana, depois eu fui ver o caso, e a paciente foi salva. Qual o custo disso?
O Dr. Lavor me perguntou: por que nós não conseguimos avançar? No Ceará são 184 municípios, apenas 30 se utilizam desse serviço: apoio político.
O Dr. Luiz falou muito bem na sua explanação que nós precisamos de políticos, de deputados como à senhora que se manifestou agora, para apoiar.
O que nós queremos? Trabalhar.
Mês passado nós atendemos a 2.500 pacientes, e nós temos condições de atender a cinco mil/mês; e tivemos mais ou menos umas duzentas, trezentas consultas.
Eu tenho dois cardiologistas de plantão durante todo o dia. Eu tenho condições de atender essa demanda. Do que eu preciso? De apoio político. Eu preciso que haja uma sensibilidade, uma sensibilização dos gestores do nosso Estado para vejam à importância de se ter um serviço de cardiologia, de Telecardiologia, porque nós estamos salvando vidas.
Como foi explanado pelo Dr. Luiz, o tempo porta/sala faz toda a diferença. Se eu pego um paciente com bloqueio átrio-ventricular e precisa de um implante de marcapasso urgente, e o elétron é laudado no mesmo dia. Nenhum eletro fica no nosso serviço de um dia para o outro. Todos os eletros são dados no mesmo dia. Mesmo que haja solicitação, mas nós vemos uma alteração significativa naquele eletrocardiograma. Nós temos a iniciativa de ligar para o município de origem, e falar com o médico e dizer: - Esse seu paciente está com um problema sério.
Embora não tenha sido uma solicitação de urgência, mas temos o cuidado de ligar para o município de origem e, às vezes, ele precisa ser encaminhado a um hospital terceirizado. Esse é o diferencial que nós estamos apresentando.
Nós estamos apresentando não é um projeto futuro. Nós estamos fazendo uma análise retrospectiva do que já fizemos e temos condições de fazer mais. Muito obrigado.
SR. ANDRÉ LUIZ CHAVES (Cardiologista): Eu também gostaria de agradecer a oportunidade
de estar trabalhando no Núcleo de Cardiologia, convidado pelo Dr. Glauber, o Dr. Luiz. Eu estou no Núcleo como cardiologista da equipe há pouco tempo.
Eu e o Dr. Glauber já trabalhamos juntos em outras épocas, e o Glauber se lembrou de me convidar.
Realmente eu achei, inicialmente, que fosse um serviço para laudar eletro. Só que no primeiro dia de trabalho, aquela estrutura me encantou; porque a situação do paciente com bloqueio átrio-ventricular total, necessitando de um marcapasso, aconteceu no meu primeiro dia de trabalho. E o paciente idoso estava na casa dele.
Sempre ligamos quando são os casos de urgência e chamam a atenção para a alteração eletrocardiográfica, então, eu achei aquilo encantador, um paciente com potencial altíssimo de morte, está na casa dele, podendo ter a qualquer momento uma morte súbita, mas teve acesso a um implante, um marcapasso, um dispositivo de alta tecnologia, de alto custo, e ele sendo diagnosticado em sua casa, correndo risco de vida. A ambulância foi lá, pegou e levou para o hospital de Messejana e o paciente está salvo.
Isso se repete com o enfarto agudo do miocárdio, com as arritmias cardíacas, muitas que acontecem no nosso dia a dia de atendimento. Cem por cento dos eletros que são mandados de urgência, nós ligamos de volta. Isso é uma coisa que eu gosto de frisar. Nós ligamos de volta para o município, mesmo esse eletro de urgência não estando alterado. Isso para dar um retorno e, segurança para quem está nos mandando.
Então, mesmo os eletros que são enviados de urgência, mas estão alterados, nós ligamos para dizer: - Nós estamos aqui, estamos apoiando vocês.
Eu concordo que o clínico generalista leia eletro. Aí é que entra a questão da nossa equipe: a correlação clínica. Nós temos acesso a uma janela no programa que é a história clínica do paciente, os fatores de risco, tudo, eles preenchem para a gente.
O paciente é hipertenso, se tem dislipidemia, é tabagista e está sentindo dor no peito e descreve para a gente.
Então, esse feeling, essa discriminação em relação ao que está chegando para a gente em relação à história clínica, essa experiência, realmente, só quem tem é o especialista. É um retorno que a gente dá em relação à segunda opinião para esclarecer o que está acontecendo, além da
segurança que a gente está dando para o clínico lá no interior, e necessitando do nosso serviço.
Eu queria agradecer e pedir o apoio da Casa, o apoio da deputada Mirian, para que esse programa muito bonito, realmente está envolvendo a nossa equipe muito, até em termos de disponibilidade, de expandir horário; se for o caso, nós estamos com disponibilidade de horário para expandir os nossos horários e nos dedicarmos a esse projeto de todo o nosso coração. Muito obrigado.
SRA. RAQUEL MELO (Telessaúde): Boa tarde!eu sou gerente do Projeto de Telessaúde.
Eu gostaria de registrar também a Teledermatologia, e atende em torno de mil, 1.200 consultas/mês, e dessas consultas, 90% são resolvidos os problemas virtualmente, on-line e off-line, e os 10% é que realmente têm necessidade de vir para capital. Isso já é uma economia que o governo faz com esse paciente, porque não tem necessidade de vir para a capital, o caso dele é resolvido no próprio Interior.
Era isso que eu gostaria de acrescentar também. Obrigada!
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Agradecemos a participação de todos.
Eu gostaria de perguntar ao Dr. Luiz Roberto: O ponto de apoio do Telessaúde é na Universidade Federal do Ceará? E quanto aos recursos, vocês recebem dinheiro do Ministério da Saúde; rescisão para pagar profissionais.
Uma das coisas que a gente ouviu durante a sua explanação, profissional era voluntária; profissionais trabalhavam sem receber. O que vocês realmente têm de concreto para manter o Telessaúde?
SR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA: A primeira fase do Telessaúde, quando começou em agosto, nós mantínhamos a Telecardiologia porque fizemos um acordo e o Ministério da Saúde nos permitia repassar dinheiro do nosso projeto para o Minastelecárdio. A partir de determinado momento o Ministério entendeu que repassar dinheiro de um projeto para outro, dentro do Telessaúde era inadequado e inconveniente.
Foi aí que o Dr. Marcelo Sobreira nos ajudou bastante, conseguiu que isso fosse aprovado na Bipartite, e nós ficamos com a esperança de dar continuidade, montando as nossas equipes de Telecardiologia. O dinheiro é e era do Ministério da Saúde.
Muito bem! A medida que o projeto piloto foi se transformando em Projeto Nacional de Telessaúde, o governo federal foi também entendendo que pelo menos parte da sustentação posterior do projeto deveria ser transferida aos poucos para os estados.
Eu vou contar algumas coisas aqui e, por favor, ninguém tome isso como nenhuma denúncia ou revolta da minha parte.
No dia em que nós inauguramos o Telessaúde, a Secretaria de Saúde do Estado assumiu o compromisso de comprar 30 Eletrocardiógrafos Digitais para expandirmos o Telessaúde. Esses elétrons ficaram trancados no almoxarifado da Secretaria de Saúde durante um ano. Não podia transferir para a universidade nem para a fundação porque eram entidades federais, ou de outro canto e tal, enfim, não podia, sempre tinha uma lei que não podia.
O que eu estou dizendo aqui está sendo registrado? Porque eu faço questão que seja registrado.
Muito bem! Sabe quando esses elétrons foram distribuídos? Esses elétrons foram distribuídos exatamente durante os quatro meses que o projeto estava paralisado, que a gente não tinha cardiologista para atender.
Uma das coisas que eu mais ouvi, é que o problema do Projeto Telessaúde no Estado do Ceará é que está dentro da universidade. O projeto não devia estar dentro da universidade.
Eu acabei de ver o meu brilhante colega Fernando, que conheceu o uso de Tecnologia da Informação em situações bem mais complicada do que o que nós fazemos. No Canadá, por exemplo, o pessoal usa essa tecnologia satelital para estudar mancha de petróleo, derrame de petróleo no mar, e ninguém se opõe. Por quê? A existência da universidade dentro desse negócio, dentro desse projeto se justifica pela palavra que ele disse claramente aí: Pesquisa! Só isso: Pesquisa!
A iniciativa privada está interessada em fazer pesquisa? Está não! Ela está interessada em vender produto. E evidentemente também, tirar o Telessaúde de dentro da Faculdade de Medicina e colocar em alguma casa que vai ser sustentada pelo Estado, etc. e tal, tal, tal, não é o caminho.
O que nós teríamos era que convergir com outras entidades.
Por que o Hospital de Messejana não está também trabalhando no Telecardiologia?
Por que o Dona Libânia não está trabalhando em Teledermatologia?
É criminoso o ato de algumas situações, como eu vi, de um município querer implantar o Telessaúde e, de repente, chegava lá uma operadora e dizia:
- Eu quero três mil e quinhentos reais para botar um ponto de internet aqui, e quero mais três mil e quinhentos reais por mês. No município vizinho. Quer dizer, o Secretário de Saúde era um pouquinho mais esperto, aí consultava outra operadora, e botava por oitocentos reais.
Quer dizer, podia ser assim: Vamos conversar com essas operadoras e dizer para elas: Olhe, veja bem! Se vocês quiserem ganhar em escala, esse ganho não é possível. Não tem sentido você estar cobrando esse preço! Tem sentido isso? Mesmo com a certeza que nós temos a internet mais vagarosa e mais cara do mundo, três mil e quinhentos reais por um link de 256 no Interior, sinceramente, isso é abusivo.
SR. FERNANDO CARVALHO (Cardiologista): Esse mesmo link no Japão custa sessenta centavos de dólar, dois megabytes por segundo.
SR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA: Portanto, há como negociar com essas operadoras e dizer para elas: Olha, rapaz, por favor, ajudem a salvar vidas. Pode ser um parente de vocês que um dia esteja numa situação dessa.
Então nós estamos aí com trinta elétrons que passaram um ano parados, só foram entregues quando a gente não podia funcionar. Desses trinta elétrons nós conseguimos colocar para funcionar uma parte e está o resto parado.
Quer dizer, o depoimento do Dr. Glauber está bem claro: nós temos condições de aumentar o número de elétrons por dia. Agora, nós implantamos os pontos onde nos for dado ajuda.
Eu já sofri algumas grosserias. Eu já fui algumas reuniões que uma pessoa olhou para mim e disse assim:
- O problema do Telessaúde do Ceará é que é a tua cara!
Eu fiquei calado. Se você chegar ao Telessaúde de Minas Gerais é a cara também das pessoas que estão lá trabalhando, claro. Se chegar ao Telessaúde de Goiás, é a cara da pessoa que montou o ponto lá.
E por se chamar Telessaúde, não é propriedade privada de médico da saúde da família e da comunidade. Tem que se dizer isso também.
Só o Rio Grande do Sul tem um coordenador que é médico especialista em saúde da família
e da comunidade. Todos os outros pontos não são. Quer dizer, vamos acabar com essa... Ah! porque dentro da Faculdade de Medicina não dá visibilidade política.
E hoje, de manhã cedo, quando cheguei aqui para dar uma entrevista, entrei no plenário e vi um deputado se dirigindo a uma série de alunos de uma escola secundária, e dizendo para eles o seguinte:
- Vocês, para terem a ideia da importância desta Assembleia, do trabalho dos deputados, eu vou fazer aqui uma pergunta: vocês já ouviram falar na tarifa social?
Eu olhei assim, estava dando uma entrevista, mas eu ouvi que também estava no mundo, e ouvi um monte de rapazinho e mocinha fazer assim... Pois ele disse: Olhe, a tarifa social, essa tarifa mais barata de ônibus aos domingos, ela existe porque aqui na Assembleia Legislativa, nós deputados nos interessamos e votamos uma lei, e essa lei é que permite existir essa tarifa social. Isso sim deputada, é visibilidade política.
Agora, tem gente safada que confunde visibilidade política com oportunismo político. Isso aí, todas às vezes que disserem que iam tirar o Telessaúde de dentro da faculdade para botar num canto porque não tinha visibilidade política, eu digo: Pode levar.
- Não rapaz, mas não é isso! Você tem que ir; e não sei o quê...
Eu digo: Não! Eu não estou entendendo, eu não estou vendendo a minha consciência. Eu não quero ir para canto nenhum. Eu quero é fazer aqui e coordenar aqui e ajeitar aqui, porque aqui dentro da faculdade nós fazemos pesquisa; aqui dentro da faculdade o interesse é o interesse realmente em atender a população.
Agora, você colocar num projeto desse visibilidade política pelo viés do interesse político-partidário, tenha santa paciência, eu não quero deixar essa herança para os meus netos.
A senhora me desculpe, mas eu estou me sentindo à vontade para dizer isso, porque a senhora não me chamou aqui, certamente, para mentir. Não deve ter sido por isso que a senhora me chamou aqui. E nós precisamos do apoio político.
Visibilidade política? Olhe, eu vou a qualquer comício que a senhora queira para dizer que a senhora nos ajudou, em que nos ajudou, no que o seu marido nos ajudou e pedir voto para a senhora. Porque no dia que eu soube que a senhora era candidata, eu me senti na obrigação de arranjar voto para a senhora, só pelo que o seu marido fez e pelo interesse que ele teve.
Agora, isso é visibilidade política? É! É compromisso político. Não é confusão de visibilidade política pelo viés do oportunismo político, e tem muito isso! E não se pode ter oportunismo político em canto nenhum, quanto mais com a saúde alheia.
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): A gente agradece a participação do senhor, e dizer que a saúde não pode ser colocada de uma maneira para beneficiar deputado A ou deputado B. Nós estamos aqui para representar o povo. Por isso que nós estamos convidando todas as pessoas ligadas à Ciência e Tecnologia, e de modo indiretamente ligada à área de saúde.
É uma preocupação muito grande nossa, principalmente profissionais de saúde, eu sou enfermeira, e lá no Interior o sofrimento é muito grande das pessoas que precisam de saúde. E quando a gente vê um projeto de baixa o custo e pode melhorar muito a questão do atendimento, e ver que não funciona por falta, primeiro de serem insensíveis, os gestores, a esse programa.
Eu vou requerer outra Audiência Pública com as pessoas da Prefeitura de Fortaleza, com o Secretário de Saúde do Estado, do Cossems também, para acabar com essa burocracia e até com esse preconceito do Telessaúde, que tem a cara de A ou cara de B.
O importante não é que tenha a cara de A ou cara de B, e que funcione na Universidade Federal, ou onde funcione. O importante é que ele sirva às pessoas. O importante é que ele faça o seu papel que está fazendo, mas não está fazendo de maneira que pode fazer até mais, porque não existe apoio.
Então nós vamos buscar esse apoio. Vamos convidá-lo novamente para vir para cá, e gente possa discutir aqui.
Ao Secretário de Saúde de Fortaleza venha nos dizer: por que perdeu dez pontos do Telessaúde com a situação que está à saúde em Fortaleza?
Por que o Estado não repassa o dinheiro direto para o projeto, para o Iprede? Por que tem toda essa burocracia e vocês não estão recebendo, não é?
A gente vai promover essa Audiência para esclarecer, e ver se a gente consegue desburocratizar esse projeto e conseguir aproveitar também a questão da internet.
Eu acho que com o Cinturão Digital nós também vamos melhorar muito para a questão dos municípios e expandir para onde for necessário; para onde o gestor quiser, e se for sensível e possa aderir ao programa.
Vidas estão nas mãos dos senhores, estão em nossas mãos para que a gente possa trabalhar e melhorar.
Pode ter certeza que nós vamos cobrar, e vamos essa audiência em breve, para a gente discutir e ir atrás de gestores.
Vamos ter uma audiência o Governador Cid Gomes, vamos ter uma audiência com a Prefeita Luizianne Lins. Vamos colocar as cartas na mesa e ver o que a gente pode fazer para melhorar tudo isso; dar um suporte de apoio para o projeto atender realmente a pessoa mais necessitada e mais carente. Realmente, sofrer um infarto numa cidade do Interior, daqui que ele chegue aqui é complicado. Enquanto a gente tem todo suporte de apoio, tem toda equipe preparada para fazer esse serviço, e a gente não utiliza por falta de apoio. Não podemos mais permitir que isso aconteça.
Pode contar com o meu apoio, com a Comissão de Ciência e Tecnologia, e vamos nos juntar também à Comissão de Saúde. Vamos convidar as pessoas da Comissão de Saúde para fazer essa Audiência juntas, e discutir tudo isso e o que a gente pode fazer. E não só discutir: - Não, eu não quis dez pontos porque eu não quero; porque está dentro da universidade.
Não, você não quis dez esse pontos, então vamos arranjar uma maneira de trazer esse projeto para atender à população. Por que é isso que realmente interessa. Nós profissionais de saúde sofremos muito quando a gente vê um paciente morrer, quando a gente sabe que poderia ter sido salvo. Isso é um sofrimento muito grande.
SR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA: Se a senhora me permitir, se não for uma quebra grave de protocolo, só um adendo....
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Com certeza, fique à disposição.
SR. LUIZ ROBERTO OLIVEIRA: Obrigado! Só um adendo muito interessante.
Uma coisa que o Dr. Glauber tocou. Mesmo pagando um link caro, quando o município resolve investir no Telessaúde, mesmo comprando elétron digital, se ele comprar pelo projeto a gente consegue um preço mais barato. A gente não é nada, consegue só um preço mais barato. Já está provado que a partir de determinada distância, quanto mais distante for do centro de referência, mais rápido ele amortiza. Ou seja, ele investe no link, fica pagando o link, mas na medida em que ele começa a deixar de transferir paciente, aquele link e o que está pagando ao funcionário para
trabalhar lá, porque o elétron não custa nada para ele, aquilo acolá, em pouco tempo o município amortiza o que investiu, ou seja, aí também a Tecnologia da Informação não é gasto, não é custo, é investimento. Quer dizer, isso está provado já.
Posso não ter razão, não tenho que ficar discutindo. E nós do Telessaúde pensamos na convergência constantemente.
Uma vez me disseram uma coisa: Rapaz, tu não és um formiguinho não, tu és um formigão. Porque eu saio atrás de qualquer canto que possa ter uma parceria de trabalho para o Telessaúde. E eu demonstro isso todo dia para os colegas com os quais eu trabalho. Muito obrigado!
SRA. PRESIDENTE DEPUTADA MIRIAN SOBREIRA (PSB): Mais alguém quer fazer suas considerações finais?
Não tendo, mais uma vez a gente reitera esse compromisso de trabalhar, de tentar desburocratizar essas coisas, tentar ver se as coisas conseguem caminhar.
Eu acho que o polo de saúde, o Dr. Carlile pode ajudar muito, o Cinturão Digital. É como o senhor disse: tem que ter a convergência de toda essa tecnologia a serviço da população, a serviço da vida. Isso é que é importante.
Pode contar conosco. Em breve nós iremos convidá-los para voltar novamente, para a gente discutir junto com as pessoas que fazem saúde, no estado e no município.
Dizer que nós também vamos fazer uma visita ao Telessaúde. Já estamos com a visita marcada para Fiocruz, para o polo de saúde do Eusébio, o Cinturão Digital. Paralelo a isso, a gente vai visitando e tomando mais conhecimento e nos inteirando mais desses projetos.
Em breve, com certeza, nós vamos achar uma solução para todos esses problemas. Pode contar com o nosso apoio.
Não tendo mais nada a declarar, a gente encerra os trabalhos de hoje da Comissão de Ciência e Tecnologia. Boa tarde a todos.